Um dia eu li em um livro algo muito curioso. Dizia que toda cidade tem uma única palavra que a define, que identifica a maioria das pessoas que mora ali. Se você pudesse ler o pensamento das pessoas que passam por você nas ruas de qualquer cidade, descobriria que a maioria delas está tendo o mesmo pensamento. Qualquer que seja esse pensamento da maioria - essa é a palavra da cidade. E, se a sua palavra pessoal não combinar com a palavra da cidade, então ali não é realmente o seu lugar. Pensando nisso, descobri que a minha palavra é LIBERDADE e que eu, definitivamente, estou no lugar errado. Tenho sede de independência. Porém, quero ser livre sem ser sozinha. Quero alguém do meu lado que não me controle, apenas me acompanhe e com um bom humor infinito. Eu quero ter a autonimia de me preocupar apenas com o que me faz bem. Desejo sensações diferentes. Não quero o hábito. Quero o novo a cada dia. Quero todos os lados, de todas as moedas. E eu quero viver, cada detalhe, de todas as consequências das minhas próprias escolhas.
Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome.
(Clarisse Lispector)
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