22 de julho de 2010

- eu sonhei...

Era sexta feira a noite quando o noticiário anunciou que a previsão para o final de semana eram fortes tempestades. Sentada no sofá, com um cobertor e uma caneca de café nas mãos, apenas ouvia os sons da TV, que para mim pareciam tão distantes, quando na verdade o que estava longe eram meus pensamentos. Já era a quinta vez que eu pegava meu celular nos últimos dois minutos. Ilusão, nenhuma chamada. A chuva lá fora estava forte demais para que eu pensasse em sair de casa. Levantei do sofá e fui até o computador. Abri uma página em branco e tentei transcrever algumas palavras que pudesse aliviar toda aquela minha angústia. Ilusão, escrever já não era suficiente. Pouco mais de vinte e quatro horas depois de tudo que aconteceu e o buraco em peito já parecia me consumir de uma forma que nunca havia acontecido. Olhei para o relógio, já passavam das oito da noite. E a chuva continuava. Mas aquela situação estava me matando, não aguentava mais aquele sentimento de culpa e perda, que me arrancava aos poucos a sanidade. Eu sei que não conseguiria dormir, minha cabeça não pensava em outra coisa. Peguei mais um pouco de café para tentar me acalmar. Nada adiantava. Logo eu que sempre fui tão certa de que a unica forma de resolver isso tudo seria tomar uma atitude. Covarde. Era isso que me definia naquela sexta feira. Covarde que se deixou tomar por um orgulho estúpido o qual não me levaria a lugar algum. Mas é que nunca havia me acontecido isso antes. Nunca senti algo tão forte, ninguém nunca tinha quebrado minhas colunas, as quais sustentavam todas as minhas opiniões. Eram as MINHAS opiniões, ninguém tinha o direito de interroga-las. Não aceitava que alguém jogasse na minha cara todos os erros que eu cometi. Não aceitava e não queria que isso tudo acabasse vindo de uma pessoa como ele. Não! Ele não tem o direito. Mas em contrapartida ele tem razão. Ele me tirou a razão e a levou junto, no momento em que saiu por aquela porta. A razão que dizia que eu não vou amar ninguém enquanto me cercar de minhas ideologias, fugindo da realidade. A realidade que mostra o quanto eu perco tempo fazendo tudo isso e sendo assim. Eu não queria admitir. E eu estava desarmada. Toda a minha personalidade de mulher segura de si ia se perdendo aos poucos, quando eu começava a entender o porquê de tudo. Minha mente me confundia cada vez que pensava em tomar alguma atitude. Já se passavam das nove agora e eu continuava ali só pensando. Não adiantaria. Peguei minha bolsa, as chaves do carro e resolvi ir atrás dele. Desci as escadas do prédio convicta de que aquilo poderia ajudar. A chuva estava forte, acabei me molhando até chegar ao carro. Odiava chuva. Nada me irritava mais do que minha roupa toda molhada. Coloquei a chave na ignição e esperei. Aquilo era ridículo, eu pensava. Eu não preciso fazer isso. Mas ao mesmo tempo eu sentia que se não tomasse essa atitude, acabaria perdendo a unica coisa que realmente me importava agora. Liguei o carro e saí em rumo à casa dele. A chuva piorava e isso me deixava perturbada, o que fazia com que eu reduzisse a velocidade e pensasse várias vezes em voltar para casa e esquecer toda essa ideia. Não, não podia fazer isso. Já estava ali, há duas quadras de resolver tudo. Estacionei em frente a casa dele e fiquei estática durante um minuto. Um minuto o qual parecia ser uma eternidade. Um minuto de confusão, incertezas, orgulho e ansiedade. Olhei para a janela da sala e vi que a luz estava acesa. Ele estava ali. E isso se comprovou quando vi a cortina se abrindo. Game Over, ele me viu. A orgulhosa, estúpida e mulher decidida estava ali, se rendendo e deixando todas as suas opiniões pra trás. Naquele momento, senti meu coração acelerar. A porta se abriu e eu continuei sentada dentro do carro, travada, sem reação. Ele me conhecia muito bem ao ponto de saber que se esperasse mais um minuto naquela porta, eu iria embora. Sabia que eu já tinha lutado muito pra vencer o orgulho e estar ali naquele momento. Apesar da chuva forte, ele saiu caminhando em minha direção. Eu não entendo como, mas tomei coragem e desci do carro. Já era demais. Fiquei parada, na chuva, ao lado da porta, esperando que ele viesse resolver tudo, como uma criança mimada que esperava a outra devolver o doce. Ele me conhecia e sabia me provocar. Me analisou e deixou por um momento que eu ficasse ali, com uma cara meio emburrada aguardando a solução. Veio então em minha direção. Chegou perto de mim e esperou para ouvir o que eu tinha a dizer. Ali eu percebi o quão estúpida eu era, deixando a minha felicidade escapar entre os dedos. Minhas lágrimas se misturavam com a chuva forte que caia e nos encharcava. E as unicas, porém verdadeiras, palavras que conseguiram escapar de mim representavam o meu desejo mais profundo. " Nunca mais se atreva a sair da minha vida". Ele sorriu, de um jeito doce e compreensivo, segurou meu rosto e me beijou. No fundo eu sabia que tudo aquilo já estava escrito para que eu pudesse descobri a verdadeira essência de um sentimento, o qual, pela primeira vez na minha vida, tornava alguém essencial para mim. E que, com toda a certeza, vale muito mais do que qualquer conceito.
É, eu sonhei isso mesmo. Só não sei quem era o moço bonito dos meus sonhos haha

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